O auditório principal do Data Science Summit 2025 ficou lotado na manhã desta quarta-feira (29) para acompanhar a palestra de Marcio Aguiar, diretor responsável pela divisão de Enterprise da NVIDIA América Latina. Com uma fala repleta de provocações sobre o futuro da inteligência artificial, Aguiar abordou o papel das startups na economia digital, a velocidade das transformações tecnológicas e a visão de longo prazo que guia a trajetória da NVIDIA desde sua fundação.
Logo no início, o executivo destacou o momento histórico vivido pelo setor de tecnologia, lembrando que a Nvidia deve atingir nesta semana a marca de US$ 5 trilhões. “O mercado está extremamente agitado, mas isso é apenas um reflexo do que está por vir. Desde o início, nosso foco nunca foi perseguir números. Esses trilhões interessam mais ao mercado financeiro; o que nos move é a inovação e o impacto que ela gera no mundo real”, afirmou.
Apesar de ser uma gigante mundial, Aguiar reforçou que a NVIDIA mantém o pensamento e a agilidade de uma startup. “Somos uma empresa de tecnologia com alma empreendedora. Continuem com a visão sempre pra frente, ainda que empreender não seja fácil. Muitas grandes empresas ainda não entendem o papel estratégico que as startups desempenham na economia de hoje, mas nós adoramos trabalhar com elas”, disse. Ele destacou que 40 empresas do Paraná participam atualmente do programa Inception, iniciativa global da NVIDIA voltada ao apoio de startups que desenvolvem soluções em IA, e reforçou o desejo de ampliar essa rede. “Queremos crescer o número de cabeças pensantes responsáveis por essa mudança que estamos vivendo num mundo tão acelerado”, disse.
Ele aproveitou o momento para refletir sobre a trajetória da NVIDIA, lembrando que a marca não aconteceu da noite para o dia. Desde sua fundação, em 1993, o propósito da empresa sempre foi desenvolver técnicas de computação capazes de resolver problemas que um computador comum não conseguiria. Ele comentou ainda sobre a importância da cultura interna, afirmando que o CEO Jensen Huang, fundador da companhia junto com Chris Malachowsky e Curtis Prie, mantém todos com os pés no chão, mesmo em meio ao sucesso e à pressão do mercado por resultados cada vez mais rápidos.
Ao falar sobre o impacto da inteligência artificial e o ritmo acelerado das transformações digitais, o executivo destacou que muitas empresas ainda estão no processo de identificar quais etapas de suas operações precisam ser automatizadas. “Tudo que estamos vivendo agora é uma revolução muito rápida, e é natural que algumas organizações ainda estejam tentando entender como se encaixar nesse novo cenário. Não há um modelo único. Cada negócio tem seus próprios gargalos e desafios”, pontuou.
Um dos momentos mais interessantes da palestra foi quando Aguiar resgatou a origem da revolução da IA moderna, citando um episódio de 2012 que mudou a história da computação. Naquele ano, um grupo de alunos da Universidade de Toronto venceu uma competição de reconhecimento de imagens utilizando duas GPUs GeForce 580, originalmente projetadas para o mercado de games. “Eles conseguiram resultados muito melhores do que os concorrentes que usavam apenas CPU. Um dos integrantes daquele grupo é hoje o fundador da OpenAI”, relembrou.
Entre 2012 e 2016, a NVIDIA forneceu à OpenAI uma máquina com oito GPUs em um só nó, o que permitiu o desenvolvimento de modelos avançados de aprendizado profundo. Em 2016, a empresa lançou o primeiro supercomputador dedicado à inteligência artificial, abrindo caminho para uma nova era tecnológica. “Em 2022, vimos nascer uma verdadeira revolução industrial. Tudo passou a poder ser aprendido, tudo pode ser gerado. E o mais incrível é que ainda estamos apenas começando”, disse Aguiar.
O diretor também apresentou o conceito de IA Factory, que define como “fábricas de inteligência artificial voltadas à geração de dados e modelos em escala”. Segundo ele, essa é a direção que o mercado deve seguir nos próximos anos. “Não existe uma placa melhor que a outra, nem o melhor custo-benefício absoluto. O que precisamos é entender os gargalos e projetar a configuração mais adequada para cada desafio. Esse é o verdadeiro segredo para avançar nas pesquisas”, explicou.
Ao encerrar sua fala, Aguiar fez um convite à reflexão e à ação conjunta. “Não podemos cobrar que uma empresa local invista no mesmo nível que um grande player global. Mas podemos, e devemos, trabalhar juntos para desenvolver soluções que façam sentido para a nossa realidade”, afirmou. “A inteligência artificial é apenas o começo. Estamos diante de uma nova era de oportunidades, e quem estiver disposto a aprender, testar e colaborar vai ajudar a moldar o futuro, concluiu.
Foto: Marco Antonio Tavares
Assessoria de imprensa e conteúdo: Básica Comunicações
